segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Conclusões sobre o amor ❤️



Certo dia você se dá conta de que tudo que leu nas poesias, na psicologia, na filosofia, no budismo... Tudo converge pra a mesma resposta: de que a cura do mundo é e sempre será o amor. Parece fácil, parece clichê, mas garanto que não é o que parece... 
Na área da psicanálise, vem o Freud com toda a sua genialidade nos dizer que "todo tratamento psicanalítico é uma tentativa para libertar o amor recalcado." Que "as neuroses são determinadas pela história de amor do indivíduo." E que "em última análise, precisamos amar para não adoecer".

Então você lembra daquela canção criada pelo John e Paul... Quando eles disseram "All you need is love" eles não foram apenas poéticos, foram sábios. Eles e tantos outros  poetas que falam insistentemente sobre o amor e tocam tão profundamente a nossa alma. 

A maioria dos nossos traumas e problemas têm origem na infância e, particularmente, na forma como conhecemos/recebemos ou não o amor. 
Os pais deveriam se preocupar muito mais em amar seus filhos do que com suas heranças. Amar não é comprar o brinquedo caro não, amor se demonstra com contato, conversa, beijo, abraço e presença. Carinho é o remédio mais eficiente do mundo. Amor não é teoria, é prática. É espiritual também, mas tão carnal quanto. 

O líder espiritual Osho nos chama a atenção de como a sociedade e algumas religiões transformaram o amor em algo feio, em pecado. Ele diz que demonstrar afeto em público é visto como obsceno, mas demonstrar agressividade não é. Sabe por que? Porque o amor nos torna felizes e felizes somos muito poderosos, temos muito potencial, muita energia. E o Estado e as instituições religiosas precisam de homens fracos e tristes que possam facilmente serem liderados, que precisem de 'ajuda'. Mas a ajuda que todos procuram  está no amor. E repito: amor é espírito mas também é contato, abraço, aperto de mãos, beijo, carinho, intimidade. O amor é libertador.

Crianças que recebem amor serão adultos que sabem amar. É comum que os pais tenham vergonha de se beijar na frente de seus filhos, mas poucos têm vergonha de discutir. Tem alguma coisa muito errada aí né? O amor não tem que ser tratado como tabu, mas como algo natural.
Sabe, eu tive uma infância muito difícil, que poderia ter me trazido muitos traumas (e claro que tenho meus problemas, meus abismos, quem não tem?) mas sabe o que me salvou: o amor. Apesar de todas as falhas dos meus pais eu sempre recebi muito carinho e era comum vê-los se abraçando e se beijando pela casa. Nunca esqueci uma cena em que abri a porta do quarto dos meus pais sem bater e ele delicadamente, quase que em câmera lenta, estava cobrindo a minha mãe com um lençol enquanto olhava apaixonado no fundo de seus olhos. Eu tinha uns sete ou oito anos... só adulta fui entender que aquela havia sido uma linda cena de amor. 

Outra vez num show, já adulta, pra não me perder na multidão, segurei na mão de um rapaz. Estávamos num grande grupo, havíamos nos conhecido há poucos dias, conversado bastante, rido um bocado, mas não nos tocado. Eu estava indo ao banheiro e ele se ofereceu pra acompanhar. Não lembro se na mesma noite ou alguns dias depois, ele falou meio tímido: "quando você pegou na minha mão o meu coração acelerou". Aquelas palavras talvez não correspondessem ao estereótipo de militar que ele era, todavia correspondiam à doçura do seu olhar. Foi singelo e sincero. 

Muitas pessoas não estão acostumadas em serem tocadas, a receberem carinho. Mas se soubessem do poder transformador do amor começariam a praticar imediatamente. 
Não temos que ter medo de demonstrar amor, o amor é belo. O amor é tudo que precisamos.

Beije, abrace, segure as mãos... A qualquer tempo, em qualquer lugar. Comece na sua casa, com sua família. E depois com seus amigos, com seus parentes, seus colegas de trabalho. Abrace, olhe nos olhos. Não temos que ter vergonha do amor. Temos que ter vergonha de muitas outras coisas que temos praticado: a inveja, a violência, a desonestidade, o preconceito, a falta de respeito às diferenças. Do amor, não. 
Amemo-nos!!

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Só[mos]



somos caminhos e escolhas 
medo e coragem
chegada e partida
somos um pouco de todos
e um pouco de tudo
somos o sim e o não 
e também o talvez
somos tudo o que não foi dito
e também o que dissemos
somos a teima e a desistência 
a energia e o cansaço 
a pressa e a paciência 

a presença e a saudade.

Luana Carvalho
Foto de viagem à Tailândia em novembro de 2016.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Encantada


Olho pro alto e aquele céu azul preenche o meu ser.

Posso sentir minha alma aquecida pelos raios do sol...

E meus lábios, como se tivessem vida própria, 

Sorriem!


Lembro do dia em que contemplei uma noite tão estrelada quanto a da pintura do Van Gogh, 

Êxtase!


Emociono-me com esculturas, pinturas, música, poesias... 

Choro mesmo!

Não sou boba, sou encantada.


Nem é preciso ir muito longe, 

Do meu lado e por toda parte 

Há coisas que fazem o meu coração vibrar.


Assim, descobri o segredo da felicidade: encantamento.


Encante-se!! ✨


Luana Carvalho


sexta-feira, 28 de abril de 2017

Separação


Não adianta se fazer de vítima 

quando não há culpados.

Se dói, curta em silêncio.

Vá ao fundo do poço,

sofra, amadureça.


Tentei e dei o melhor de mim.

Mas que culpa tenho eu

se ele não chegou - o amor.


Sempre fui verdade, você sabe.

Nunca disse que te amava, 

nem mesmo um 'idem' se me falavas.


E agora, porque não fui capaz de te amar 

Perdi todas as qualidades, 

Que maldade!


Foi seu primeiro amor não correspondido? Duvido.

Acontece com todo mundo, 

não se sinta o escolhido.


E se é pra tirar esse peso do seu coração, 

que outro dia li naquela indireta,

Avise que não foi ele quem escolheu mal, 

Avise que a culpa foi do meu!

Que não te escolheu...



Luana Carvalho

Arte: Edvard Munch - Separação, 1896


terça-feira, 11 de abril de 2017

Sobre borboletas e sinos



Não dá pra saber precisamente quando 

você jogou aquelas borboletas no meu estômago. Só lembro da energia provocada pelo bater das asas que foi tomando conta do meu corpo... até os sinos tocarem.


Mesmo os estranhos percebiam. Tentei te falar... fitava-lhe na esperança que você enxergasse nos meus olhos as cores das borboletas. 


Sei que esse lance de jogar borboletas no estômago dos outros é involuntário. Não há vítimas ou culpados. Destino, acaso, sorte, castigo... Pode ser qualquer coisa. Não importa. É inexplicável.


Talvez o teu cheiro, tua pele, o teu senso de humor, nossas afinidades, o teu modo amável de me tratar, de me olhar... sei lá, você me fazia sorrir, você me fazia sonhar! 


Sim, eu fugi. Espero que você me entenda. Acontece que os sinos passaram a tocar alto demais e as borboletas se multiplicavam sem cessar... eu precisava dividir com você, você entende? (...) Eu não consegui suportar sozinha... 

Sim, também sei que o tempo não foi nosso aliado. Por isso muitas vezes eu desejei te desconhecer só pra te conhecer novamente. Então quem sabe né? Talvez... talvez numa outra vida... Eu?! "eu acredito em tudo, desde que seja incrível".


Mas esse mesmo tempo que eu culpo, também foi meu amigo e, transformou tudo em algo que posso chamar de bonito. Algo que ocupa um lugar especial, embora não preencha. Há espaço pra novos sonhos...


É verdade que, sem estardalhaço, os sinos ainda tocam e as borboletas ainda dançam. 

E que até agora,

todos eles, ponto final.

você, reticências...


Luana Carvalho

Arte: Salvador Dalí

quinta-feira, 30 de março de 2017

Rosas do deserto

 


Minha mãe costuma enviar fotos de suas rosas, especialmente pela manhã.

O meu pai enviaria canções, eu imagino...

Há pessoas que se expressam bem com palavras, outras com gestos, outras com o olhar... O meu pai era bom com as palavras, olhava fundo nos meus olhos e falava com a firmeza necessária pra me deixar segura. Já minha mãe nunca foi muito boa de conselhos, está sempre em dúvida e prefere finalizar com um "você que sabe, minha filha". Ela se expressa através de atitudes, no cuidado e na doação cotidiana... é assim que ela sabe nos amar. 

Voltando às rosas... que lembram cheiros... cheiros são memórias. Gosto do cheiro das rosas da minha mãe, mas também gosto de cheiro de cigarro, que lembra o meu pai...então esse negocio de cheiro bom é bem relativo, pois eu sinto saudade do cheirinho de hollywood... Há uma foto na minha parede em que eu seguro um ramalhete de rosas sentada ao lado do meu pai bem magrinho, com um chapéu cobrindo a cabeça raspada e um óculos escuro... eles já eram divorciados naquela época, mas posso dizer hoje que as rosas da foto, de certa forma, representam a minha mãe.

Um certo dia o meu pai me falou, com aquela firmeza no olhar, que a única mulher que havia amado na vida tinha sido a minha mãe. Eu, emocionada, claro, achei lindo... mas um vício, um desencontro, um orgulho... enfim, muitas coisas podem ser mais fortes que o amor. Não deveriam, mas podem.

Eu gosto muito de rosas e de cheiros e de olhares... sobre ver flores em pessoas, sobre cheiros que te levam a outros tempos e mundos e sobre olhares que entregam tudo... .

e, particularmente, sobre as rosas do deserto:

minha mãe, rosa 

com o doce perfume da presença 

meu pai, deserto 

com o triste vazio da saudade.



Luana Carvalho

Foto: minha mãe