Não dá pra saber precisamente quando
você jogou aquelas borboletas no meu estômago. Só lembro da energia provocada pelo bater das asas que foi tomando conta do meu corpo... até os sinos tocarem.
Mesmo os estranhos percebiam. Tentei te falar... fitava-lhe na esperança que você enxergasse nos meus olhos as cores das borboletas.
Sei que esse lance de jogar borboletas no estômago dos outros é involuntário. Não há vítimas ou culpados. Destino, acaso, sorte, castigo... Pode ser qualquer coisa. Não importa. É inexplicável.
Talvez o teu cheiro, tua pele, o teu senso de humor, nossas afinidades, o teu modo amável de me tratar, de me olhar... sei lá, você me fazia sorrir, você me fazia sonhar!
Sim, eu fugi. Espero que você me entenda. Acontece que os sinos passaram a tocar alto demais e as borboletas se multiplicavam sem cessar... eu precisava dividir com você, você entende? (...) Eu não consegui suportar sozinha...
Sim, também sei que o tempo não foi nosso aliado. Por isso muitas vezes eu desejei te desconhecer só pra te conhecer novamente. Então quem sabe né? Talvez... talvez numa outra vida... Eu?! "eu acredito em tudo, desde que seja incrível".
Mas esse mesmo tempo que eu culpo, também foi meu amigo e, transformou tudo em algo que posso chamar de bonito. Algo que ocupa um lugar especial, embora não preencha. Há espaço pra novos sonhos...
É verdade que, sem estardalhaço, os sinos ainda tocam e as borboletas ainda dançam.
E que até agora,
todos eles, ponto final.
você, reticências...
Luana Carvalho
Arte: Salvador Dalí